A população angolana deverá duplicar a actual, passando dos actuais 27 milhões para 65 milhões, em 2050, segundo uma projecção do Governo, apresentada hoje em Luanda. Nessa altura certamente que o MPLA, que aspira a ser governo nos próximos 34 anos, terá já descoberto o que é a democracia e um Estado de Direito. Somos optimistas, é verdade!
Por Óscar Cabinda
A Projecção da População 2014-2050 elaborada pelo impoluto, honorável e paradigma da seriedade (veja-se as conclusões a que chegou hoje sobre a mortalidade infantil no país) Instituto Nacional de Estatística de Angola teve como principal fonte de dados as informações recolhidas no recenseamento Geral da População e Habitação de 2014, dados do Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde (IIMS) de 2015-2016 e do Serviço de Migração de Estrangeiros de 2013.
Para a realização da análise foram usados os métodos das componentes demográficas – natalidade, mortalidade e migração – a partir dos dados do censo de 2014, estando as projecções subdivididas em nacional, urbana, rural e por cada província, igualmente desagregadas por área de residência, sito é, urbana e rural.
Esta projecção para o crescimento da população angolana está também aliada à taxa de fecundidade alta para as mulheres com uma média de seis filhos cada uma, até 2014, enquanto em 2024 aquela média deverá estagnar para três filhos.
Em declarações à imprensa, o director-geral do INE, Camilo Ceita, referiu que o índice de fecundidade ainda é alto, porque os níveis de contracepção e de planeamento familiar ainda são muito baixos. Mas isso não é, estamos em crer, um mal para o regime que governa o país há 41 anos. Isto porque cada criança que nasce torna-se imediatamente militante do MPLA.
“Isso significa falta de informação, sobretudo na mulher e outro indicador também preocupante são as gravidezes precoces nas adolescentes (se fossem “gravidezes precoces” nas de idade avançada seria com certeza mais preocupante…) é muito alto, quer dizer que há aí muito trabalho por se fazer de informação e vimos também que quanto mais baixo o nível de ensino da mulher mais negativos os indicadores”, referiu.
Registe-se o aturado levantamento do INEA para poder concluir, com base científica, que afinal o baixo nível de instrução das nossas mulheres tem a ver com as gravidezes não programadas. É obra!
Relativamente à mortalidade, aponta para uma redução face ao declínio (uma monumental aldrabice como referimos no artigo “Criminosa mentira do regime angolano”) da taxa de mortalidade infantil e infanto-juvenil e no aumento da esperança de vida ao nascer.
A projecção aponta para uma esperança de vida de 62 anos em 2014 e de quase 68 anos em 2050. Isto, é claro, se como se prevê o MPLA continuar a ser dono do reino. Se tal não acontecer, aí estes valores vão sofrer um rombo.
Sobre a migração, devido à dinâmica socioeconómica recente, Angola tem registado uma grande intensidade migratória, apontando os dados do censo de 2014, que mais de um milhão de pessoas entraram no país nos últimos cinco anos antes da realização do censo, tendo permanecido pelo menos seis meses.
Entretanto, o estudo sublinha que este período coincidiu com o regresso de refugiados angolanos, provenientes da República Democrática do Congo e da Zâmbia.
Os dados do serviço de migração indicam que em 2013 cerca de 50.000 estrangeiros solicitaram visto de longa duração e foi considerado este número como a base para a imigração internacional média anual.
No que se refere à migração interna, os dados do censo de 2014 mostram que pouco mais de meio milhão de angolanos mudaram de província nos últimos cinco anos, cerca de 240 mil dos quais um ano antes do censo.
O maior destino dos migrantes internos tem sido as áreas urbanas, sobretudo a capital de Angola, Luanda.
No capítulo da migração interna, a projecção aponta que de 2024 a 2050 a migração líquida interna vai reduzir-se gradualmente até atingir 25% do nível de 2014.
Quanto à migração internacional, de 2024 a 2050, vai aumentar gradualmente até atingir um nível superior em 10% ao de 2013.
Sobre a propalada mentira que visa denegrir o patriótico e histórico desempenho do governo e que diz existirem, nesta altura, 20 milhões de pobres, o INEA aguarda instruções superiores para saber o que deve dizer. Sabe-se, contudo, que esse número é exagerado porque as “forças do mal” contabilizaram cidadãos que, embora tendo nascido em Angola, embora vivam em Angola, não são angolanos.
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